Clube precisa qualificar o elenco, porém, corre dois riscos se partir para o desespero: montar um grupo desequilibrado ou comprometer ainda mais as já combalidas finanças
Por Bruno Cassucci — São Paulo
O torcedor do Corinthians entrou em 2024 cheio de expectativas e não era para menos. Depois de 16 anos sob o comando de um mesmo grupo político, desgastado por decisões erradas e pela falta de títulos desde 2019, o clube viu o poder mudar de mãos. O novo presidente, Augusto Melo, chegou com promessas e planos audaciosos.
Gabigol era a primeira opção para o ataque. Rodrigo Caetano, o executivo de futebol cobiçado. Reforços de peso estavam muito bem encaminhados, segundo a direção. “Acabou a farra”, anunciou o diretor de futebol Rubão, em alusão às glórias recentes de rivais como Palmeiras e Flamengo.
Janeiro nem sequer acabou, e o torcedor do Corinthians já sofreu um choque de realidade. Está claro que a reformulação drástica em andamento não é tão simples como alguns acreditaram.
O baque veio não apenas pelas três derrotas consecutivas, sendo a última delas no clássico contra São Paulo, nesta terça-feira, por 2 a 1. O fim do tabu de quase 10 anos sem derrota para o rival na Neo Química Arena é triste para o corintiano, é claro, mas há problemas bem maiores nesse momento.
Dia após dia surgem notícias que evidenciam o quão árduo será o trabalho para voltar a vencer.
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Sem sucesso na tentativa de contratar Gabigol, o Corinthians tentou outras alternativas até fechar com Pedro Raul. Mesmo vindo de passagens apagadas por Vasco e Toluca, o atacante de 27 anos irá custar exorbitantes R$ 25 milhões ao clube.
O mercado está inflacionado e pouco receptivo a um clube com histórico de mau pagador. Por Matheuzinho, um lateral-direito fora dos planos para a temporada, o Flamengo pede cerca de R$ 20 milhões.
Mesmo com a expectativa de faturar mais de R$ 1 bilhão em 2024, o Corinthians segue com dificuldades financeiras. E nada indica que esse cenário vá mudar tão cedo.
Qualificar o elenco exigirá muita análise, negociação e paciência. A janela de transferências fecha em 7 de março e, se partir para o desespero agora, o clube corre dois riscos: o de montar um grupo desequilibrado e o de comprometer ainda mais o seu combalido caixa.
Como pontuou o técnico Mano Menezes, o Corinthians teve mais saídas do que chegadas de jogadores até agora. O grupo de atletas, que já era limitado, piorou. A aceitação dessa realidade talvez fosse mais fácil por parte do torcedor se tantas promessas não tivessem sido feitas a ele.
Logo após a primeira vitória em 2024, sobre o Guarani, as arquibancadas de Itaquera mandaram um recado aos atletas: joga com raça que a Fiel está com vocês.
A dedicação pedida foi vista no Majestoso. O Corinthians lutou por cada bola, vibrou e se desdobrou no segundo tempo para superar a ausência de Caetano, expulso infantilmente no fim da etapa inicial. Não falta entrega, falta qualidade.
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A chegada de jogadores de peso pode potencializar atletas que estão no elenco, tanto jovens recém-promovidos da base quanto outros mais experientes. Embora pareça em alguns momentos, o cenário não é de terra arrasada.
Por impulso, alguns corintianos pedem a saída de Mano Menezes, como se o o clube não tivesse trocado inúmeros técnicos ao longo dos últimos anos, sem êxito algum. É possível apontar erros do comandante alvinegro neste início de ano, tanto em decisões de campo, quanto em declarações. Mas mudar a rota logo após a (curta) pré-temporada, tal qual foi com Sylvinho e Fernando Lázaro, pode aumentar em vez de diminuir a crise enfrentada.
Para plantar no futuro, o Corinthians precisa plantar agora. E isso exige sacrifícios, como deixa deixa claro o chove de realidade vivido no primeiro mês de 2024.